A babá, os idiotas e o preconceito

Do gilbertoleda.com.br – Publicado em 14-03-2016 – Às 18h33min

pracownick

Desde o início dos protestos de domingo (13) iniciou-se nas redes sociais um movimento – claramente influenciado pelos petistas – de demonização dos manifestantes.

O principal argumento? São elite…

Segundo essa lógica vazia, mesquinha, quem ganha dinheiro trabalhando, produzindo e, de alguma forma, é bem sucedido, não pode protestar contra um governo.

Foi nesse cenário que surgiu a foto acima.

Uma babá negra, empurrando um carrinho com dois filhos de um casal branco.

Pronto!

Estava armado o cenário perfeito para acrescentar mais um ingrediente à lista de desqualificação do movimento: além de elitista, racista.

É claro que ninguém é tolo de negar que, se a maioria das babás ou empregadas domésticas no país é negra, isso se deve a um processo histórico que tem como nascedouro a escravidão ainda nos tempos do Brasil Colônia.

Agora, não é razoável que o senhor  Cláudio Pracownick, o cidadão da mesma foto acima, seja o alvo de toda crítica que se possa fazer ao desenvolvimento da sociedade brasileira por conta dos resultados de um deplorável processo histórico.

Fazer isso é má-fé (no caso de quem o faz de caso pensado), ou idiotice.

Na maioria dos casos, infelizmente, a segunda opção é a verdadeira.

A resposta de Pracownick, no entanto, deixou sem argumentos todos os idiotas que decidiram, a partir de uma única imagem, fazer uma análise sociológica de todo o movimento “Fora Dilma”, que levou  às ruas mais de 2 milhões de pessoas em todo Brasil.

A babá em questão é uma empregada contratada em regime diferenciado, para trabalhar exclusivamente aos fins de semana. E recebe a mais por isso, exatamente como mandam as leis trabalhistas.

Nos dizeres de Pracownick: “Trata-se de uma ótima funcionária […]. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus”.

Sinto dizer, mas Debret não tem nada a ver com isso. E preconceituoso é quem julgou o casal a partir uma imagem.

Abaixo, o posicionamento de completo de Cláudio Pracownick:

“Sí Pasarán!”

Ganho meu dinheiro honestamente, meus bens estão em meu nome, não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas), emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais.

Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente

A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto. Na manifestação ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro.

A profissão dela é regulamentada. Trata-se de uma ótima funcionária de quem, a propósito, gostamos muito.

Ela é, no entanto, livre para pedir demissão se achar que prefere outra ocupação ou empregador. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus.

Sinto-me feliz em gerar empregos em um país que, graças a incapacidade de seus governantes, sua classe política e de toda uma cultura baseada na corrupção vive uma de suas piores crises econômicas do século.

Triste, só me sinto quando percebo a limitação da minha privacidade em detrimento de um pensamento mesquinho, limitado, parcial cujo único objetivo é servir de factoide diversionista da fática e intolerável situação que vivemos.

Para estas pessoas que julgam outras que sequer conhecem com base em um fotografia distante, entrego apenas a minha esperança que um novo país, traga uma nova visão para a nossa gente. Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária.

O ódio? A revolta? Estas, deixo para eles.

 

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